terça-feira, 13 de março de 2012

A Marvel que eu tenho saudades!



Junto com Capitão América e Terror de Drácula, Heróis da TV marcou a entrada da editora Abril no gênero de super-heróis. Não era a primeira vez que uma revista ganhava esse nome. Em 1962, a editora O Cruzeiro já tinha um gibi com o mesmo nome. Até a própria Abril já tinha publicado outro Heróis da TVentre 1975 e 1978 com personagens da Hanna-Barbera. Em 1992, a Abril lançou uma terceira série com os personagens de seriados japoneses Maskman, Spielvan, Black Kamen Rider e Cybercop.

Heróis da TV só foi publicada por causa do editor Waldyr Igayara de Souza que convenceu Roberto Civita a comprar parte dos heróis da Marvel que haviam sido dispensados pela RGE no começo de 1979. Igayara, apesar de não gostar de super-heróis, via nos personagens da Marvel uma ótima oportunidade de aumentar as vendas na divisão de quadrinhos.

Apesar do nome da revista e do fato que alguns dos personagens já terem aparecido em desenhos animados nos anos anteriores, na época do lançamento, nenhum deles estava passando na televisão.

O primeiro número de Heróis da TV saiu em julho de 1979, tinha 132 páginas, lombada quadrada, era em formatinho (13,5 x 20,5 cm) e vinha com 6 historias. Não trazia nenhuma grande inovação, com histórias de Thor e Punho de Ferro que já haviam sido publicadas pela Bloch. E a volta do Surfista Prateado de Stan Lee e John Buscema, que só tinha sido publicado anteriormente pela GEP, no início dos anos de 1970. É engraçado notar alguns deslizes nas cores, como um Galactus pintado de verde e o Quarteto Fantástico com uniforme vermelho e com as pernas de fora. Na capa, temos Thor e Surfista Prateado em uma montagem com desenhos de outras histórias e não as que estavam sendo publicadas. Coisa muito comum na época.

Apesar da grande defasagem em relação às publicações americanas e de publicar muitas histórias que já haviam saído em outras editoras, pelo menos um novo personagem e dois grupos foram apresentados aos leitores: Miss Marvel, no n° 3, os Campeões, no n° 2 e os Invasores no n° 23. Mesmo que algumas histórias já tivessem sido publicadas na Bloch, como o Mestre do Kung Fu de Doug Mounch e Paul Gulacy e o Punho de Ferro de Chris Claremont e John Byrne, era interessante notar as diferenças nas traduções e nas cores dos personagens.

No número 8, a revista teve sua primeira mudança de formato passando para 100 páginas e com tamanho de 13,5 x 20,5 cm.

Outro ponto que merece destaque é que nos seus primeiros números não havia preocupação com a cronologia e muitas histórias foram publicadas fora da ordem, como por exemplo a primeira história de Miss Marvel, em Heróis da TV n° 3, sendo que a história que mostra o acidente que lhe deu poderes, só foi publicada no n° 6. Ou histórias que originalmente eram de um personagem, sendo creditada para outro como no caso de Heróis da TV n° 20, que tem uma história do Surfista Prateado, mas que na verdade é do Hulk.

Os fatos mais marcantes nos seus primeiros números foram a publicação do Capitão Marvel de Jim Starlin e a primeira aparição de Thanos (do n° 11 ao 15) - apesar de a saga ter sido um pouco mutilada, pois as primeiras histórias da saga não foram publicadas. E a série O que aconteceria se... nos números 27 e 28.

Em 1982, a Abril adquiriu os direitos de mais personagens da Marvel, alguns deles que não estavam sendo mais publicados pela RGE e fez uma série de estréias de personagens como os Vingadores, Cristal, Conan e Warlock nos números 34, 35, 36 e 37 respectivamente.

Ainda não havia uma preocupação muito grande com a cronologia. As histórias como as de Cristal, que eram de 1981, eram publicadas juntamente com as dos Vingadores de 1969. Mesmo assim, era muito prazeroso ler as histórias do Warlock de Jim Starlin e os Vingadores de John Buscema, que nunca tinham sido publicados no Brasil.

A partir de 1983, a Abril passou a ter os direitos de publicação de todos os heróis da Marvel e a questão da cronologia passou a ser mais constante. Com isso, diversas fases de heróis deixaram de ser publicadas e algumas alterações foram feitas em algumas histórias. Homem de Ferro, por exemplo, teve suas histórias puladas do número 59 da edição original Iron Man, que por aqui saiu em Heróis da TV 62 para o n° 116, noHeróis da TV n° 65. Ou outra história creditada como sendo do Surfista Prateado nos números 63 e 64 mas que na verdade eram dos Quarteto Fantástico.

Outros personagens tiveram suas estréias nessa época, como a guerreira Sonja, no n° 50, o Deathlok no n° 69, o Quarteto Futuro no número 72 e os Micronautas na edição 73. Além das novas fases de heróis como o Homem de Ferro e do Doutor Estranho. Por uma questão de custos, no n° 90 depois de ter lombada quadrada, que passou a ser de grampo. No n° 101 a revista começou a circular com 68 paginas até a sua ultima edição 112, publicada em outubro de 1988.

Junto com Capitão America, Heróis da TV foi a primeira revista da Marvel no Brasil que passou do número 100. A edição de número 100 foi publicada em maio de 1987, tinha 164 paginas e trazia as origens de e uma história recente de alguns personagens da Marvel como Doutor Estranho, Homem de Ferro e X-Men. Apesar de os seus últimos números não terem o mesmo brilho das edições de do início de 1980, ainda teve grandes histórias como os Vingadores de George Perez e John Bryne e o Thor de Walter Simonson.

Em seus nove anos de publicação, passaram nas páginas de Heróis da TV grandes clássicos da Marvel, alguns deles republicados recentemente como os Vingadores de Neal Adams, outros esquecidos como o Senhor das Estrelas. Mesmo com a republicação de diversas histórias que já saíram em outras editoras, erros de cronologia e algumas cores errada de personagens, foi com Heróis da TV e Capitão América que a Abril aprendeu a publicar revistas de super-heróis, trouxe para os leitores vários personagens novos e conseguiu unificar o universo Marvel em uma mesma editora.




Publicado anteriomente: http://www.guiadosquadrinhos.com/blog/post/2008/09/29/Herois-que-nao-estavam-na-TV.aspx