Agora sim, vamos à matéria:
Recentemente,
esta imagem - a qual pode ser considerada, em certa medida,
pornográfica, ao mostrar um pênis avantajado saliente na roupa do
fazendeiro, as cloacas de galinhas e de pintinhos dilatadas e as
expressões concernentes dos participantes - foi utilizada em prova
aplicada a dezesseis mil crianças da primeira série do ensino
fundamental (faixa etária de 6 a 7 anos), em Curitiba - PR.
O responsável, segundo a superintendente, não foi identificado.
Ora, um
procedimento de tamanhas magnitude e repercussão teria apenas um
responsável e este não seria identificado? Havendo vários responsáveis,
não se daria razão para sanção solidária, na medida em que revisores,
ainda que não tivessem adicionado a imagem, poderiam ter excluído ou
substituído a mesma, caso tivesse ocorrido uma revisão razoável?
Não há editores-chefe, revisores, formuladores, professores, avaliadores de um documento que será entregue a 16 mil crianças?
Cogita-se o
caráter doloso, isto é, intencional na atitude, por comentários de
internautas. Não creio que seja ainda o caso de tal atribuição. No
entanto, a ocorrência assemelha-se ao que é classificado por juristas
como "dolo eventual", segundo o qual não há intenção de causar o mal,
mas, caso seja causado, o autor é indiferente. O que este fato, entre
outros, revela sobre como é diligenciada a educação pública no Brasil?
A escolha de uma imagem pouco ilustrativa, mal colocada, já seria reprovável. O que dizer desta? Cabe a reflexão.
Lígia Ferreira é jornalista e estudiosa de mecanismos midiáticos.
Com informações de Folha de São Paulo e O Diário Leitura complementar: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2011201029.htm
Lígia Ferreira é jornalista e estudiosa de mecanismos midiáticos.
Com informações de Folha de São Paulo e O Diário Leitura complementar: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2011201029.htm