No inicio do século XX a monarquia russa entrou em
vertiginosa decadência. A miséria que assolava o país, contrastada com a
opulência de uma nobreza voltada para os seus próprios interesses, levaria à
revolta popular que encerraria de vez o regime czarista, depondo Nicolau II, o
último governante da dinastia Romanov. Foi nos momentos finais da agonizante
monarquia russa que Rasputin, o “monge louco”, ascendeu para um poder efêmero,
marcado por um misticismo grotesco e por uma profunda deterioração moral.
Rasputin, um monge camponês, vindo de uma estirpe de
miseráveis da Sibéria, ladrão na juventude, tomado como homem santo e com
poderes de cura na maturidade, iniciou uma trajetória de perambulação mística
pela Rússia czarista, que culminaria na corte dos Romanov, em São Petersburgo, a
capital do império.
Numa Rússia imersa na miséria econômica do seu povo e nas
trevas culturais provocadas pela mesma, os monges de aldeia tornaram-se uma
categoria respeitada e difundida. Rasputin, dono de um magnetismo vital, regido
por uma pujança sexual quase selvagem, produziu um efeito primitivo inebriante
dentro da corte czarista, já afetada pela degeneração de muitos dos seus
nobres. Numa época em que a hemofilia, mal genético do qual padecia o filho do
czar, o príncipe Aleksei, era considerada uma doença maldita e sem grandes
tratamentos, Rasputin consegue controlar as crises hemorrágicas do herdeiro do
trono, curando-o das dores e cicatrizes, de uma eficácia que até hoje não se
consegue explicar cientificamente como o fez.
É através desse magnetismo vital, que sugere cura para males
intratáveis pela ciência e poder de adivinhar o futuro, traduzido numa insólita
potência sexual, que Rasputin conquista a corte do czar; obtendo a confiança,
agradecimento e dedicação fiel da czarina Alexandra. Adquire poderes de estado,
indicando e nomeando ministros, ao mesmo tempo em que a sua vida depravada,
regada a sexo e álcool, escandaliza a Rússia, despertando a ira da nobreza e do
clero. A ascensão de Rasputin gera-lhe a decadência e o tombo, culminando com o
seu assassínio, repleto de lendas e mistérios que fascinaram a imaginação de
todos nós. Rasputin, o monge louco, é a imagem eficaz da decadência da Rússia
czarista, que levaria à mais famosa das revoluções do mundo contemporâneo, a
bolchevique de 1917.
Rasputin é o símbolo do homem envolto na sua mais completa
forma primitiva. A sua manipulação do poder, do sexo, da depravação moral, do
misticismo; a violência da sua morte, todos estes fatos criaram um dos mais
complexos enigmas do caráter humano já relatado pela história.
O Despertar Místico de Rasputin
Grigori Yefimovich Rasputin, nasceu na aldeia de
Pokrovskoie, Tobolsk, Sibéria, no dia 22 de janeiro (10 de janeiro no antigo
calendário Juliano, ainda utilizado na Rússia da época), o ano do seu
nascimento é incerto, normalmente situado entre 1863 a 1873, sendo 1864 e
1872 as datas mais aceitas pelos historiadores. Documentos revelados mais
recentemente apontaram ainda, para 1869 a data de nascimento. Segundo algumas
versões, Grigori Yefimovich Novykh seria o nome original de Rasputin, trocado
durante as suas peregrinações.
Oriundo de uma família camponesa siberiana, cuja pobreza
deixou como herança a impossibilidade de ler e escrever, Rasputin tinha dois
irmãos, Dmitri e Maria. A irmã teria morrido afogada durante uma crise
epilética, e o irmão, teria sido salvo de um afogamento por Rasputin, mas não
resistira a uma pneumonia provocada pelo tempo que permanecera na água gelada
da lagoa.
Apesar de não se saber muito sobre a infância de Rasputin,
reza a lenda que os seus poderes sobrenaturais manifestou-se ainda nesta fase
da sua vida, quando ele identificou misteriosamente o homem que teria roubado
um cavalo dos que o pai cuidava.
Os poucos dados da juventude de Rasputin apontam para um
período que viveu como ladrão, construindo uma má reputação que jamais lhe
deixaria, mesmo quando foi visto como um “homem santo” e de poderes místicos.
Aos 18 anos, passou três meses no Mosteiro Verkhoturye, possivelmente para
cumprir uma penitência por roubo. Este tempo no mosteiro muda-lhe a condução da
vida, dizendo-se atingido por uma visão da “Mãe de Deus”, ele torna-se um homem
místico, um religioso peregrino.
Após a saída do mosteiro, Rasputin visitou Macariy, um homem
tido como santo, que vivia em um pequeno barraco próximo a Verkhoturye. Macariy
vê em Rasputin uma santidade e poderes que deveriam ser desenvolvidos. O
místico passa a exercer uma grande influência sobre Rasputin, fazendo com que
ele começasse a administrar o seu magnetismo místico, despertando-o na
essência.
Ainda na juventude plena, Rasputin teria feito parte da
seita Khlysty (flagelantes), proibida e banida pela igreja ortodoxa por pregar
que todos os desejos do homem deveriam ser realizados. Através desta seita,
Rasputin teria combinado a sua religiosidade com a sexualidade, característica
maior da sua personalidade. Os rumores eram de que durante os rituais, o êxtase
sexual era provocado e alcançado. Nunca se teve a certeza de que Rasputin foi
um Khlysty, sendo a versão contestada por muitos historiadores, mas a suspeita
jamais lhe abandonou, assombrando-o quando já era o homem mais influente da
corte do czar.
Em 1889 casou-se com Praskovia Fyodorovna Dubrovina, teria
19 anos na época, o que não se comprova quando não se sabe ao certo o ano do
seu nascimento. Com a mulher teve três filhos, Varvara, Dmitri e Maria, tendo
os dois últimos herdado os nomes dos irmãos mortos, uma homenagem intencional.
Um quarto filho teria sido fruto com outra mulher.
Rasputin e o Príncipe Aleksei
Em 1901 Rasputin deixou a mulher e a sua casa em Pokrovskoie
iniciando uma longa peregrinação por toda a Sibéria. Tornou-se um strannik
(peregrino), indo além das terras geladas onde nascera, atingindo a Grécia, e
depois Jerusalém. Finalmente, ele chega à capital do império, São Petersburgo,
o maior centro urbano eslavo. É na cidade mais poderosa da Rússia que ele vai,
aos poucos, adquirindo fama de curandeiro de poderes proféticos, passando a ser
visto como starets (homem santo). Muito desta fama era propagada pelo próprio
Rasputin.
Em
São Petersburgo, o príncipe Aleksei definhava vitima de uma
doença pouco explicada pela medicina da época, a hemofilia. A doença,
geneticamente transmitida pela mãe somente aos filhos homens, era uma herança
dos descendentes da rainha Vitória, que a transmitira para toda a nobreza
masculina européia que dela descendia; Aleksei era bisneto dela. Em 1905, o
herdeiro dos Romanov sofreu uma queda do cavalo, tendo uma hemorragia interna
que o fez ser desenganado pelos médicos. Diante da fatalidade iminente,
desamparada pelos médicos da corte, a czarina Alexandra decidiu recorrer ao
sobrenatural, tinha ouvido falar na fama de Rasputin como curandeiro, numa
tentativa desesperada de salvar a vida do filho, pediu ao czar que trouxesse o
monge à presença do enfermo. Apesar de incrédulo, Nicolau II acedeu aos
supostos poderes do curandeiro.
Levado à presença do czarevitz enfermo, Rasputin demonstrou
total segurança de que iria curá-lo. Assim aconteceu, através de uma oração,
que muitos dos médicos classificaram de hipnose, o monge conseguiu a
recuperação física do príncipe herdeiro. À luz da ciência, é impossível curar a
hemofilia através da hipnose, coincidência, obra do acaso ou poder de cura, o
fato é que Rasputin recuperou várias vezes as crises hemorrágicas de Aleksei,
tanto as externas como as internas, livrando-o do padecimento que lhe consumia
a vida.
A presença de Rasputin tornou-se imprescindível na corte
russa. Nicolau II chamava-o de “nosso amigo” e um “homem santo”, confiando-lhe
a vida do herdeiro do trono. A gratidão de Alexandra fez dela uma devota de
Rasputin, considerando-o um “mensageiro de Deus”. A influência do monge sobre a
czarina estendeu-se não só em sua vida pessoal, como política. Alexandra chegou
a acreditar que Deus lhe falara através de Rasputin. Há evidências históricas
que o poder sedutor e sexual de Rasputin atingiu a czarina, e que ambos tiveram
uma ligação amorosa. Verdade ou não, os rumores espalharam-se pela corte
czarista, causando constrangimentos diante da população, que não percebia a
presença de Rasputin junto à família real, posto que a doença de Aleksei era
mantida no mais absoluto segredo.
O Atentado
Rasputin tornou-se um homem poderoso dentro da corte do
czar, interferindo diretamente nas decisões políticas de um regime que se
deteriorava. A ascensão de um homem considerado rude, praticamente analfabeto,
de gostos duvidosos e vida depravada, incomodou grande parte da nobreza russa,
ou pelo menos daqueles que não se renderam ao seu magnetismo pessoal.
Paralelamente ao poder adquirido na corte de Nicolau II,
Rasputin continuou a levar uma vida mundana, regada à vodka e sexo. As suas
orgias atraíam para si os mais diversos repúdios, da nobreza ao clero ortodoxo,
dos políticos à população, Rasputin passou a ser o homem mais odiado da Rússia.
No início do verão de 1914, Rasputin foi visitar a mulher e
os filhos em Pokrovskoie, na Sibéria. Nesta época deparou-se com a oposição do
monge Iliodor, que escandalizado pela vida promíscua e depravada, incitara
todas as mulheres que tinham sido por ele prejudicadas em suas reputações, que
se juntassem em grupo.
Atraído para a igreja, supostamente por um telegrama, ou
simplesmente em visita, Rasputin foi atacado pela ex-prostituta Khionia Guseva,
sua antiga amiga íntima, convertida em uma fervorosa discípula de Iliodor.
Instigada por um sentimento de repulsa ao comportamento de Rasputin e ao seu
modo desrespeitoso de falar da família real, Guseva esfaqueou-o profundamente
no abdome. Ao ver as entranhas penduradas para fora do corpo do monge, Guseva
convencera-se de que o ferira mortalmente, vociferando alto: “Eu matei o
anticristo!”
Submetido a uma cirurgia intensa, Rasputin recuperou-se do
atentado que sofrera, tornando-se alvo da superstição popular, que o achava
invencível, protegido pelos demônios. A partir de então, o czar mandou que
fosse escoltado por uma guarda que o protegia todo o tempo, em todos os
lugares, na tentativa de evitar novos atentados à vida de tão vital protetor da
sua família.
Rasputin Torna-se o Homem Mais Odiado da Rússia
Quando explodiu a Primeira Guerra Mundial, em 1914, Rasputin
foi contra que a Rússia entrasse no conflito. Teria previsto que se o czar não
tomasse ele próprio a frente do seu exército, milhões de russos morreriam em
combate, o que se confirmou quando cerca de meio milhão de soldados foram
mortos em 1915, forçando o czar Nicolau II a partir para frente de batalha, o
que se revelou um profundo desgaste para a monarquia.
Na ausência do czar, o poder de Rasputin aumentou sobre as
decisões da corte. A czarina não fazia nada sem que o consultasse. Esta
influencia refletia-se nas cartas que ela enviava ao marido, referindo-se
sempre ao monge como “nosso amigo”, e relatando o que ele previa para o destino
da Rússia. Rasputin passou a aceitar favores e subornos para indicar este ou
aquele membro para o governo; usou da sua influência para afastar do poder
aqueles que se lhe eram hostis. Os rumores de um romance com Alexandra, a
ausência de Nicolau II, e a influência que o deixava cada dia mais poderoso,
fez com que Rasputin fosse visto com desconfiança por uma população cada dia
mais empobrecida, a chorar os seus mortos na guerra. O monge passou a ser visto
como o culpado de todos os males da Rússia, sendo acusado de amigo dos alemães,
acusação que respingou na czarina, posto que ela era de ascendência ariana.
A influência de Rasputin sobre os Romanov tornou-se alvo das
críticas de políticos e jornalistas, que tinham como função enfraquecer a já
combalida integridade da dinastia. O poder de Rasputin na corte voltou-se contra
ele, que inconseqüentemente, gabava-se da capacidade que tinha de influenciar
na decisão do casal Romanov. Pressionando pela Duma, Nicolau II afastou
Rasputin, mas a czarina continuou a mantê-lo por perto, protegendo o monge
decadente.
Mesmo afastado, Rasputin continuou a exercer o seu poder nos
bastidores, mantendo-o principalmente, através da sua força sexual e magnetismo
sobre as mulheres influentes da corte. Cada vez mais odiado, a decadência do
monge e a sua queda eram inevitáveis.
Em 19 de novembro de 1916, Vladimir Purishkevich fez um
discurso na Duma, acusando Nicolau II e os seus ministros de simples marionetes
nas mãos de Rasputin e de Alexandra, evidenciando as raízes germânicas da
czarina, inflamando o orgulho russo, ferido pelas baixas e derrotas sofridas na
Primeira Guerra Mundial. O príncipe Felix Yusupov assistiu ao discurso de
Purishkevich, aplaudindo-o. A seguir procurou o membro da Duma, com quem
confabulou o assassínio do monge. A sorte de Rasputin estava lançada.
O Lendário Assassínio do Monge Louco
Se a vida de Rasputin foi coberta de lendas e mistérios, a
sua morte tornou-o ainda maior, transformando-se em um ato lendário, que até os
dias atuais causa curiosidade, admiração e arrepios em que a ouve contar. Fatos
inusitados, muitos deles inventados pelos próprios assassinos, fizeram do
assassínio de Rasputin um mistério que jamais será revelado em sua mais
completa verdade.
Na segunda metade do mês de dezembro de 1916, membros
poderosos da aristocracia russa concordaram que a influência que Rasputin
exercia sobre a czarina era um perigo à soberania do império. A conspiração da
morte do monge foi engendrada pelo príncipe Feliz Yusupov, pelo grão-duque
Dmitri Pavlovich e por Vladimir Purishkevich. Na noite da morte do monge, juntaram-se
aos três Estanislau de Lazovert e o capitão Suhotine.
Na noite de 29 para 30 (16 para 17 do antigo calendário
Russo) de dezembro de 1916, Yusupov atraiu Rasputin à sua casa, o Palácio
Moika. Trazido de carro por Lazovert, Rasputin mostrava naquela noite fatal um
humor alegre. Foi recebido na biblioteca do palácio por Yusupov, enquanto os
outros conspiradores ocultavam-se em outro compartimento. Para receber o monge,
foram postos sobre a mesa bolos e vinhos raros, três tipos de vinho foram
envenenados, assim como os bolos.
Rasputin pôs-se sentando sobre uma cadeira, a falar com
eloqüência, enquanto devorava os bolos e bebia os vinhos envenenados. As horas
foram passando, e, o cianureto ingerido pelo monge, suficiente para matar cinco
homens, parecia não fazer efeito. Sem demonstrar quaisquer alterações, Rasputin
intimidava o príncipe com os seus olhos negros e fixos, como se lhe adivinhasse
os pensamentos. Yusupov começou a desesperar-se. O príncipe era um homem
instável, admirado por sua beleza e conhecido pelos conflitos que tinha com a
sua sexualidade. Rumores históricos apontam que as razões para Yusupov ter
tramado e executado a morte de Rasputin iam além do seu amor pela Rússia. O
monge era conhecido por ser possuidor de um grande falo, o que teria atraído o
desejo de Yusupov, mas as preferências sexuais de Rasputin caíam apenas sobre
as mulheres, o que lhe teria feito recusar o assédio do príncipe.
Com os nervos afetados pela resistência de Rasputin diante
do veneno, Yusupov deixa-o sozinho por alguns instantes, indo falar com
Purishkevich e o grão-duque. Volta empunhando uma arma, encontra Rasputin em
pé, a ameaçar a ir embora. Yusupov desfere um tiro no peito de Rasputin, que
depois de soltar um grito terrível, cai agonizante. Os outros dois conspiradores
adentram à biblioteca. Ao ver o corpo caído de Rasputin, Vladimir Purishkevich
desfere-lhe bastonadas e chutes.
Os demais conspiradores deixam a sala, para providenciar a
retirada do corpo. Sozinho, Yusupov, por algum motivo, debruçou-se sobre o corpo
inerte do monge. De repente os dois olhos negros de Rasputin abriram-se, a
contemplar o príncipe. Tomando por uma força surpreendente, o monge falou ao
príncipe: “você é um rapaz mau”, em seguida tentou estrangulá-lo.
Tomado por uma força surpreendente, Rasputin passou pela
porta que o levou aos jardins do palácio, tentando alcançar o imenso portão de
ferro que dava para fora do cenário macabro. No jardim, passou pelos outros
conspiradores, que não acreditavam em vê-lo ainda vivo, parecendo trazer a imortalidade
no corpo.
Mesmo cambaleante, com o sangue a manchar-lhe a roupa,
Rasputin parecia, aos olhos dos conspiradores, que iria desaparecer na
escuridão. Vladimir Purishkevich começou a disparar tiros no monge, atingindo-o
duas vezes. O corpo de Rasputin tombou antes que ele atingisse os portões do
palácio.
Os assassinos de Rasputin aproximaram-se do corpo caído,
concluindo que ele ainda estava vivo, a lutar para se levantar. Por fim pareceu
desmaiar. Inconformados e assustados, os seus algozes enfiaram-no em um saco,
arremessando-o nas águas geladas do rio Neva, onde o seu corpo, quebrando o
gelo que se formara sobre o leito, afundou.
Na manhã seguinte, muitos em São Petersburgo
procuraram pelo monge, mas não foi encontrado. Por ordens da czarina, a polícia
iniciou uma busca frenética pelas ruas da cidade, encontrando um objeto do
monge próximo ao rio. As buscas intensas nas águas do rio Neva só foram
encerradas quando o corpo foi encontrado. Uma autópsia revelou que a causa da
morte do monge não tinha sido o veneno, tão pouco os ferimentos causados pelas
balas, mas sim o afogamento. Rasputin morreu como os seus dois irmãos, afogado
pelas águas.
Temendo a ira da czarina, os conspiradores e assassinos de
Rasputin fugiram, com exceção do príncipe Yusupov, detido em prisão domiciliar
no seu palácio. Yusupov seria posteriormente libertado devido à aprovação da
população ao seu ato, considerado por todos como a libertação da Rússia do
maior monstro e tirano da sua história.
A czarina prestou as suas homenagens a Rasputin, enterrando
o seu corpo. Após a revolução de 1917, que pôs fim à Rússia czarista, a fúria
dos revolucionários chegou ao túmulo do monge maldito. Desenterrado, o corpo de
Rasputin foi queimado em local público. Reza a lenda que enquanto ardia na fogueira,
o seu corpo deu estalos, como se fosse mover e levantar-se.
A Maldição de Rasputin
Mesmo após a sua morte, Rasputin continuou a suscitar as
mais insólitas lendas. A fama de ter um imenso falo esteve sempre inerente ao
monge. Maria, a filha que lhe herdara boa parte do dinheiro, e sobreviveu à
revolução bolchevique, fugindo para o ocidente, declararia anos mais tarde que
o pai tinha sido castrado antes de ter o corpo arremessado às águas do rio
Neva. Embora a autópsia não tenha deixado registro da amputação da genitália de
Rasputin, espalharam-se rumores de que seu o pênis tinha sido conservado em
poder de muitos, como um amuleto que trazia potência sexual aos homens e desejo
às mulheres; tendo reaparecido em 1967, em poder de uma senhora idosa de Paris.
Esta senhora teria vendido o falo de Rasputin ao urologista e sexólogo russo,
Igor Kniazkin, por oito mil dólares. Atualmente, Kniazkin exibe a relíquia, em
exposição permanente, no Museu Erótico de São Petersburgo. O suposto pênis de
Rasputin, conservado em um grande vidro com álcool, chama a atenção por seu
tamanho desproporcional. Ao lado do vidro, pode-se ler a descrição do objeto de
contemplação:
“Pênis de Rasputin, assassinado em São Petersburgo na
madrugada de 16 a
17 de dezembro de 1916. 28,5
cm”.
Outra evidência da figura lendária de Rasputin seria uma
carta profética que ele teria escrito ao czar poucos dias antes de morrer, onde
previa não somente o seu assassínio, como o de toda a família real. Esta carta
foi apresentava por seu secretário, Simonovich, contendo terríveis profecias:
“Escrevo esta carta em São Petersburgo. Sinto
que irei deixar a vida antes de 1 de janeiro. Gostaria de dar a conhecer ao
povo russo, ao Papa, à Mãe Rússia o que eles devem entender. Se eu for morto
por assuntos comuns e, especialmente pelos meus irmãos camponeses, você, Czar
da Rússia, nada tem a temer por seus filhos, eles reinarão o país por centenas
de anos. Mas se eu for morto por políticos, nobres, e se o meu sangue for
derramado, por vinte e cinco anos permanecerão as mãos sujas do meu sangue.
Eles vão deixar a Rússia. Irmãos matarão irmãos, e eles vão matar uns aos
outros, ascenderá o ódio uns aos outros, e por vinte e cinco anos não haverá
nobres no país. Czar da terra da Rússia, se você ouvir o som da campainha que
lhe irá dizer que Grigori foi morto, você deve saber o seguinte: se foi das
suas relações os que forjaram a minha morte, ninguém na sua família, isto é,
nenhum dos seus filhos ou os das suas relações permanecerá vivo por mais de
dois anos. Eles vão ser mortos pelo povo russo...”
Como sugere a carta, Rasputin foi morto em dezembro de 1916.
Pouco tempo depois da sua morte, a terrível profecia foi realizada, em
fevereiro uma grande revolução assolou a Rússia, levando o czar a abdicar em
março de 1917. Juntamente com toda a família, Nicolau II foi levado aprisionado
para Ecaterimburgo, nos Montes Urais. Na madrugada de 16 para 17 de julho de
1918, o czar, a czarina, suas quatro filhas e o príncipe herdeiro, foram
executados pelo exército revolucionário russo. A maldição de Rasputin
concretizara-se quinze meses depois da sua morte.