O pior serial killer da Austrália dos tempos modernos, Ivan
Robert Marko Milat era filho de imigrantes croatas, nascido em 1945. Não era
fumante e também evitava bebidas alcoólicas. Milat trabalhou na construção de
uma rodovia e devotou seu tempo de lazer a corrida de motocicletas, viajando
off-road em um veículo com tração nas quatros rodas e caçando.
Os amigos presumiram que sua paixão por espreitar a caça
estava restrita a objetivos de quatro patas, mas eles estavam enganados. Hoje,
Milat esta condenado por sete assassinatos cometidos entre 1989 e 1992, e
suspeito de outros, datando do final da década de 70.
Os Crimes
Uma caçada humana de dois anos na Austrália, atrás do
depravado "assassino da mochila preta", começou em setembro de 1992,
quando os andarilhos encontraram os restos decompostos de duas mulheres, na
Floresta Estadual de Belanglo, perto de Sidney, em um ponto chamado Declive do
Executor.
Os corpos foram identificados como de Caroline Clarck, 21
anos, e Joanne Walters, 22 anos, turistas britânicas vistas pela última vez com
vida em Sidney, em 18 de abril de 1992, enquanto pediam carona para Adelaide.
A descoberta de dois corpos motivou uma pesquisa mais ampla,
e a polícia logo encontrou uma cova rasa distante poucas milhas do primeiro
local contendo os restos do esqueleto de James Gibson e Deborah Everist, ambos
australianos. Os dois, de 19 anos, desapareceram em algum lugar entre Liverpool
e Goulburn enquanto pediam carona para um festival de conservação em 9 de
dezembro de 1989.
A mochila e a câmera de Gibson foram encontradas ao lado de
uma estrada rual, dois meses depois, como se tivesse sido jogada de um carro
que estivesse passando.
A pesquisa continuou. Em outubro, as autoridades encontraram
os restos de Simone Schmidl, 21 anos, uma turista alemã, que desapareceu no
mesmo trecho da estrada de Liverpool, ela pedia carona para Melbourne em 21 de
janeiro de 1991. Seus óculos e equipamento para acampar foram encontrados em um
arbusto próximo a Wangatta pequena cidade em Victoria. De acordo
com o relatório médico, Simone foi amarrada, amordaçada e apunhalada diversas
vezes.
Os corpos de outro casal de turistas alemães também foram
encontrados, com os mesmos sinais dos anteriores: ferimentos de lâmina, e, no
caso da mulher, ataque sexual e decapitação. Até este momento, a polícia tinha
um serial killer a solta, mas sem a menor sombra de pistas. O indivíduo não
deixava nenhum rastro, não havia sobreviventes ou testemunhas, o que tornava a
investigação extremamente lenta.
Os assassinatos
O corpo de Deborah mais parecia com um hamburger quando ele
foi descoberto em 5 de outubro de 1993, três anos e meio após a sua morte. Isto
torna muito difícil para cientistas obter informações precisas sobre a causa
exata da morte. Ela teria sofrido pelo menos uma facada, mas era evidente que
houve várias lesões, detectadas em Deborah na parte superior do esqueleto. Mas,
devido ao adiantado estado de degradação, foi impossível determinar se Deborah
sofreu mais ferimentos fatais. Seu crânio tinha sido fraturado. Este pode ter
sido quebrado após sua morte, mas não foi determinado.
James Gibson
Devido ao tempo decorrido entre o seu assassinato até a
descoberta do corpo de James, uma série de provas cruciais tinham sido
perdidas. No entanto o esqueleto de James forneceu aos detetives o modo como
foi abatido. A autópsia indicou que James tinha sofrido várias apunhaladas. A
maioria das apunhaladas foram desferidas em seu peito e na parte superior das
costas. A ferocidade dos golpes tinha deixado alguns dos ossos de James cortados
ao meio. Ambos Deborah e James foram encontrados em sepulturas rasas na
floresta estadual de Belanglo. Eles estavam cobertos apenas com folhas e
detritos.
Simone Schmidl
Simone, como muitas das outras vítimas, havia sofrido várias
apunhaladas na sua parte superior das costas. Tal como as outras, ela foi
encontrada em um túmulo raso na floresta estadual de Belanglo, coberta com
varas, folhas e detritos. Seu corpo foi descoberto em 1 de novembro de 1993,
após o seu desaparecimento, em Janeiro de 1991. O tempo entre a sua morte e a
descoberta do seu corpo foi suficiente para apagar muitas das provas que teriam
ajudado a condenar alguém para os crimes. Três dias depois mais dois corpos
foram encontrados, tendo o número de mortos subido para sete.
Gabor Neugebauer
Gabor e sua namorada Anja Habschied foram encontrados na
floresta estadual de Belanglo em 4 de novembro de 1993. Gabor tinha sido
atacado seis vezes na cabeça, três tiros do lado esquerdo do seu crânio e três
tiros na parte de trás, base do crânio. Evidências forenses sugerem também que
Gabor foi estrangulado, talvez como um último esforço sádico para matá-lo,
embora os seis tiros por si só teriam sido mais do que suficientes. Ele também
tinha um pedaço de pano amarrado em torno de seu rosto como uma mordaça. A arma
usada para matar Gabor foi identificada como Ruger 10/22. Peças de uma Ruger
10/22 e um silencioso caseiro foram encontrados em uma cavidade na parede da
casa de Ivan Milat.
O assassinato de Anja Habschied foi de longe o pior. Antes
da descoberta do corpo de Anja, a polícia sabia que as formas dos assassinatos
foram por tiros e apunhaladas (embora também haja provas de que ele estrangulou
pelo menos uma das suas vítimas). Com a causa comum de morte, a polícia foi
capaz de ligar todas as seis vítimas à mesma pessoa, no entanto o assassinato
de Anja Habschied estava muito longe das feridas infligidas às outras vítimas.
Anja teve sua cabeça separada de seu corpo em um violento golpe. O corpo de
Anja estava sem a metade inferior do vestuário. Isto sugere que ela também pode
ter sido violentada sexualmente, mas infelizmente, devido ao tempo decorrido de
quase dois anos entre o seu assassinato e a descoberta de seu corpo, não há
provas suficientes para se saber ao certo. Algumas peças de vestuário foram
encontradas mais tarde, e acredita-se terem sido pertencidos a Anja e Gabor.
Por estarem quase totalmente decompostos no chão da floresta, é difícil para a
polícia estar absolutamente certa.
Um homem chamado Paul Onions, britânico, relatou sua
experiência na Austrália, quando pedia carona fora de Sidney. Ele foi abordado
por um homem em uma caminhonete, que se apresentou como Bill. Depois de rodarem
um pouco, "Bill" sacou uma arma anunciando o assalto. Onions fugiu,
correndo por sua vida, escondendo-se entre arbustos enquanto o assassino
disparava repetidamente em sua direção.
Lembrou-se de detalhes suficientes para um retrato falado,
salientando o farto bigode do atirador. Neste meio tempo, os investigadores
estavam revendo arquivos de crimes antigos quando se depararam com um caso de
estupro, registrado contra Ivan Milat, conhecido por usar o apelido de Bill.
Em maio de 1994, um esquadrão aéreo de 50 oficiais invadiu a
propriedade de Milat, em
Eagle Valley, encontrando evidências, como as armas que foram
usadas nos crimes e as peças de acampamento roubadas das vítimas.
Os detetives deduziram que Milat matou as vítimas, decapitou
e usou a cabeça para prática de tiro ao alvo, justificando os inúmeros
ferimentos à bala.
O julgamento
Em 31 de maio de 1994, Milat foi formalmente acusado de
setes assassinatos, além do ataque a Paul Onions e diversas acusações de porte
de arma. Em um julgamento de quatro meses, em 1996, o advogado de Milat tentou
enfraquecer o caso da promotoria, apontando suspeitos alternativos.
Os jurados rejeitaram a manobra, condenando Ivan por todos
os sete assassinatos em 27 de julho de 1996.
Milat recebeu seis sentenças de prisão perpétua, mais um
período adicional de seis anos pela tentativa de assassinato de Paulo Onions.
Milat apelou da condenação de forma pouco usual, alegando
que não havia agido sozinho. Nenhuma ação foi tomada em relação a este fato,
mas Milat foi colocado sob severa segurança após uma tentativa frustrada de
fuga.
Até o momento, mais nenhuma acusação foi registrada. Ivan
Milat permanece preso em
New South Wales.
Cena do filme "Wolf Creek", baseado em alguns
crimes de Milat.
Abaixo um documentário sobre Milat: