Para aqueles que imaginavam que o Necronomicon era o único livro feito com pele humana, é melhor mudar seus conceitos. Análises científicas realizadas na Universidade de Harvard provaram que a capa do livro “Des destinées de l’ame“, do escritor francês Arsène Houssaye, do século XIX, foi feita com pele humana.
Foram feitos diferentes testes, através de amostras
microscópicas e análises de impressões digitais das proteína, levando a
definição de que realmente se trata de pele humana. De acordo com Bill Lane,
diretor de Espectrometria de Massa da Harvard, e Daniel Kirby, do Centro de
Conservação e Técnicas de Estudos, o material colhido “combina com referências
humanas e claramente elimina quaisquer outras fontes, como carneiro e cabra“,
embora ambos não tenham conseguido a mesma diferenciação com exemplares
primatas.
O livro de Houssaye, poeta e novelista francês que viveu
entre 1815 e 1896, faz parte do acervo da biblioteca Houghton, da própria
Universidade de Harvard. Ele foi o único entre três títulos testados feito com
a técnica conhecida como bibliopegia antropodérmica (encadernamento com pele
humana).
No livro há uma dedicatória manuscrita por Ludovic Bouland,
médico e amigo de Houssaye, afirmando que a pele de uma mulher com problemas
mentais, morta por um derrame, havia sido usada na capa.
“Ao olhar cuidadosamente você pode distinguir facilmente os
poros da pele [na capa]. Um livro sobre a alma humana merecia que déssemos a
ele uma cobertura humana: guardei durante muito tempo esse pedaço de pele
humana tirada das costas de uma mulher“, escreveu Bouland.
Por muito tempo, a originalidade era atribuída à obra
Practicarum Quaestionum Circa Leges Regias Hispaniae, do século XVII, mas as
análises mostraram que a pele usada na confecção do livro vieram de um carneiro.
Isso significa que pode haver outros exemplares pelo mundo
feitos com pele humana? Quem responde é Tim Bryars, que trabalha num antiquário
em London’s Cecil Court: “É altamente improvável,” ele disse, “A maioria parece
cobrir obras sobre anatomia e julgamentos (às vezes, usadas as de presos
condenados), num período de cultura diferente, com uma outra forma de pensar,
com origem atestada e paradeiros conhecidos.”
Ele cita como exemplo o caso de John Horwood, que foi
enforcado por assassinato cometido em Bristol 200 anos atrás, cuja pele foi
usada como prova substancial para o caso.