Fábio Magalhães, nascido na cidade de Tanque Novo (BA). Vive e trabalha em
Salvador, onde se graduou em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia. Realizou
sua primeira exposição individual em 2008, na Galeria de Arte da Aliança
Francesa de Salvador. Entre suas principais participações estão: 60º Salão de
Abril, em Fortaleza/CE, e 63º Salão Paranaense, em Curitiba/PR, ambos em 2009;
XV Salão da Bahia, em Salvador/BA, em 2008; I Bienal do Triângulo, em
Uberlândia/MG, no ano de 2007; além da presença constante nos Salões Regionais
da Bahia. Em 2010 foi premiado nos Salões: I Salão Semear de Arte
Contemporânea, com Prêmio Aquisição e Júri Popular em Aracaju/SE; Salão de
Artes Visuais da Bahia, com o Prêmio Fundação Cultural do Estado, em Vitória da
Conquista/BA, e Menção Especial em Jequié/BA.
Trabalha com pintura auto-referencial. Associando
metaforicamente imagens do próprio corpo, sentimentos e situações banais, busca
ressaltar condições inconcebíveis de serem retratadas senão por meio de
artifícios e distorções da realidade. Nesse sentido, suas obras são o resultado
de um modus operandi que parte do universo fotográfico e resulta numa espécie de
realidade paralela, materializada no universo da pintura. Na qual, cria
contornos de uma realidade perturbadora.
As obras de Fábio Magalhães surpreendem. São grandes telas,
límpidas, em que se vêem vísceras reluzentes. Estas porções de carne (humana?)
aparecem ora asseadamente suspensas em sacos ou cordas, ora costuradas ou
tensionadas e estendidas em superfícies também assépticas. Não são restos, não
estão em ambientes fétidos, não parecem podres ou descartadas. Ao contrário,
elas apresentam-se com elegância e altivez, o que colabora para a construção de
uma atmosfera austera, quando poderia se esperar um clima mais mórbido dada a
natureza das imagens. Todas elas fazem parte da série Retratos Íntimos , que o
artista desenvolve desde 2011. De fato, estas telas apresentam um enquadramento
que alude ao formato retrato, o que lhes dá humanidade. Além, é claro, de
sermos feitos daquela mesma matéria.
Ao
articular estes três aspectos – asseio da imagem, enquadramento e retidão – o
artista enfrenta o problema da pintura que ele se propôs a realizar: óleo sobre
tela em um registro bastante realista de um motivo quase abstrato (carnes e
vísceras). Todas estas escolhas nos dizem muito sobre o fazer artístico. Se a opção
por trabalhar com pintura a óleo nos indica a habilidade e o deleite que
envolvem a realização dessas telas, é preciso refletir sobre o que o
enquadramento e o realismo dessas imagens nos trazem. De fato, para chegar a
essas imagens o artista cria em seu ateliê, com vísceras de animais, as cenas
que vemos, fotografando-as, para finalmente transportá-las para a tela. Nesse
processo, o retrato fica mais evidente. Mas também evidencia-se a obstinação de
um olhar que busca a precisão, os múltiplos tons de vermelhos, as dobras da
carne que se fundem em massa e o volume do ar. Um olho que não cansa de mirar o
avesso de sua própria imagem.
Site: http://fabiomagalhaes.com.br/