quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Ray Villafane: Arte em Abóboras

Ray Villafane, um gênio em escultura, começou a fazer uma personalização única dessas abóboras e resolveu colocar algumas a venda. O sucesso foi tão grande que parou em grandes jornais do mundo inteiro. Confira alguns dos seus trabalhos











Parece que você sempre trabalhou esculpindo abóboras. Por que abóboras? Como você descobriu seu talento?
Aos 12 anos de idade eu era professor de arte num jardim de infância. Numa das aulas, um aluno trouxe uma abóbora para que fizéssemos uma escultura. Aquela abóbora não ficou com a mesma aparência e qualidade das que esculpimos hoje, mas outras crianças continuaram a trazer abóboras para que fizéssemos novas esculturas.
Ao longo dos anos eu adquiri muita prática. Esse trabalho com as abóboras ficou melhor a partir do momento que me tornei um escultor profissional e as pessoas começaram a gostar e acompanhar mais o meu trabalho. Esculpir abóboras é muito divertido.
Ao colocarmos um rosto 3D numa abóbora, tenho a impressão que eles têm vida própria.
Ray Villafane (11)

Você também faz incríveis esculturas na areia. Aonde você se sente mais confortável, trabalhando na areia ou com abóboras?
Realmente gosto dos dois. A coisa que eu mais gosto sobre o trabalho na areia, é que não consigo imaginar nenhum outro material que permita a você esculpir algo tão grande e tão rapidamente.
Eu tinha experiência em esculpir brinquedos e objetos colecionáveis que normalmente têm de 20 a 30 cm de altura, por isso o trabalho na areia foi muito libertador, já que eu passei a esculpir coisas com até 5 m de altura.
A coisa legal sobre as esculturas em abóboras, é que elas são um componente importante na tradição do Halloween. Ficamos acostumados aos rostos feitos basicamente com recortes triangulares, sendo assim, quando esculpimos figuras e rostos ultrarrealistas a gente se sente como se essas figuras estivessem vivas.
ray_villafane15A areia funciona muito bem no verão e as abóboras no inverno?
É isso mesmo… Nos Estados Unidos, a temporada das abóboras vai de Agosto ao início de Novembro. Após enfrentarmos uma maratona nesse período eu normalmente tiro um período de férias.
Faço somente duas ou três grandes esculturas na areia por ano, normalmente na primavera e no verão. Durante o inverno mais rigoroso eu fico em casa trabalhando em esculturas com materiais mais tradicionais, como argila e cera. 
Em geral, o artista deseja ver seu trabalho imortalizado. Abóboras são vegetais e têm data de validade. Por quanto tempo dura uma escultura na abóbora?
Essa é uma questão muito subjetiva. É um trabalho que pode durar três ou quatro dias.
Minha experiência diz que no quarto dia a escultura em abóbora já perde em integridade e já não é mais vista da forma com que deveria ser. Eu tenho tremedeira quando vejo que as esculturas continuam sendo expostas após o quinto dia… decididamente após esse período elas perdem muita qualidade.
Obviamente a temperatura e as condições climáticas são fatores fundamentais. O frio e a umidade são muito importantes para que as esculturas em abóboras sejam preservadas e tenham longevidade.
Brasil não é um típico produtor de abóboras gigantes, mas tem mais de 7000 km de praia, um cenário perfeito para o seutrabalho na areia. Quais países você já visitou e trabalhou suas esculturas? 
Eu adoraria fazer esculturas de areia no Brasil. Eu não tenho feito uma grande quantidade de esculturas na areia, mas já trabalhei na Itália, na Rússia, em Porto Rico, no Canadá, na Nova Zelândia e nas Bermudas.
Sob o ponto de vista dos negócios, o artista precisa ou deseja vender seu trabalho. Como funciona comercialmente o seu trabalho, já que ele não pode ser preservado por muito tempo?
O caráter temporário desse produto não prejudica em nada minhas relações comerciais. O resultado é único e o especial suficiente para que se transforme numa performance, uma experiência, mais ou menos como assistir a uma partida de futebol.
O desenvolvimento das esculturas pode durar uma semana, algumas semanas ou meses, é como uma apresentação num grande concerto. Só vendo para crer no que estou dizendo.
Qual foi seu trabalho mais desafiador?
O trabalho de criar figuras em tamanho real nas abóboras é sempre um grande desafio. Não é uma coisa que tenho a possibilidade de praticar, já que as abóboras nem sempre estão disponíveis. É um processo e um constante aprendizado.
Qual a escultura que você ainda sonha em fazer?
Puxa… Não tenho certeza se tenho a resposta objetiva e definitiva para essa pergunta, fico viajando em diversas coisas.
Ainda quero fazer muitas coisas, eu me divertiria fazendo muitas coisas, mas só preciso ter tempo para tudo isso. Talvez um cenário feito em “stop motion” ou ainda uma abóbora com controle remoto, trabalhada com silicone… sei lá !
Também já pensei em esculpir em troncos de árvores ou ainda fazer esculturas a partir de objetos que podemos encontrar no dia a dia. Eu quero procurar fazer muitas novas coisas.