O caso Taman Shud, também conhecido como o "Mistério do Homem de Somerton", é um dos maiores mistérios de casos de investigações criminais não solucionados. Considerado um dos "mistérios mais profundos da Austrália", os mistérios envolvendo o caso eram tantos que na época acabou atraindo atenção do mundo todo. Durante a madrugada de 01 de dezembro de 1948, o corpo de um homem foi descoberto na praia de Somerton na Austrália. Mal sabia as autoridades que eles estavam prestes a testemunhar o nascimento de um mistério muito estranho. O homem estava em boa condição física e muito bem vestido, ele usava uma camisa branca, gravata vermelha e azul, calça marrom, meias e sapatos, mas misteriosamente todas as etiquetas em suas roupas tinham sido removidas. Uma busca em seus bolsos revelou um bilhete de ônibus de Adelaide para St. Leonards em Glenelg, um subúrbio da cidade, e um bilhete de segunda classe não utilizado do trem de Adelaide para o subúrbio de Henley Beach, um pente americano de alumínio, um pacote pela metade de chicletes Juicy Fruit, um pacote de cigarros Army Club contendo cigarros Kensitas (uma marca diferente) e uma caixa de fósforos Bryant & May.
Embora os investigadores acreditavam que o homem teria sido envenenado, nenhum vestígio de qualquer agente estranho foi descoberto durante a autópsia. A Scotland Yard foi chamada, e apesar da fotografia do homem e a sua impressão digital circularem ao redor do mundo, ninguém soube identificar o estranho homem. O caso sofreu uma reviravolta quando, em 14 de janeiro de 1949, funcionários da Estação Ferroviária de Adelaide descobriram uma mala marrom com a etiqueta removida, que havia sido colocada no guarda-volumes da estação por volta das 11:00 da manhã de 30 de novembro de 1948. Em seu interior estavam um roupão vermelho listrado, um par de chinelos de feltro vermelho tamanho sete, quatro pares de cuecas, pijamas, utensílios de barbear, um par de calças marrom claro com areia nas barras, uma chave de fenda de eletricista, um pincel de estêncil, uma faca de mesa que fora reduzida a um instrumento de corte curto e afiado, e um par de tesouras como as usadas em navios mercantes para demarcar as mercadorias embarcadas.
Todas as marcas de identificação nas peças de roupa haviam sido removidas, mas a polícia encontrou o nome "T. Keane" em uma gravata, "Keane" em um saco de lavanderia e "Kean" (sem o último "e") em uma camiseta. Os investigadores chegaram à conclusão de que a pessoa que removeu as etiquetas deixara propositalmente o nome Keane nas roupas, como se quisesse mandar alguma mensagem que foi praticamente impossivel decifrar.
O único ítem da mala que pôde ser aproveitado foi um casaco que apresentava uma nesga frontal e um desenho bordado. Determinou-se que ambos poderiam ter sido feitos apenas nos Estados Unidos, que era o único país com o maquinário moderno necessário para tais tipos de costura, porém a empresa americana que fazia aquele tipo de trabalho na época disse que o bordado só era feito com a presença do cliente e eles não tinham cadastro de nenhum cliente de outro país. Infelizmente, a mala provou ser um beco sem saída. O fracasso em desvendar a identidade e o que levou à morte do homem levou as autoridades a definirem aquele como um "mistério sem paralelos" e acreditarem que a causa da morte jamais seja determinada. Um editorial de época chamou o caso de "um dos mistérios mais profundos da Austrália", observando que, se o homem morreu por consequência de um veneno que de tão raro e obscuro não pôde ser identificado por especialistas em toxologia, então o conhecimento avançado em substâncias tóxicas do autor do crime apontava certamente para algo muito mais sério do que um mero envenenamento doméstico. Os meses se passaram até junho de 1949, quando os investigadores fizeram uma nova investigação no corpo e descobriu um bolso secreto na roupa do homem que continha um pedaço de papel com as palavras "Taman shud" impressa sobre ele. Oficiais da biblioteca pública foram convocados para traduzir a nota, identificando-a como uma frase, que significava"fim" ou "terminado'.
Após uma inspeção mais próxima do papel, foi descoberto que era de uma coleção de poemas intitulado O Rubaiyat de Omar Khayyam. Essa descoberta levou a uma busca envolvendo toda a mídia em uma tentativa de encontrar o livro ao qual aquela página foi arrancada. Enviaram copias do pedaço de papel ao mundo todo e não foi avisado do que se tratava. A campanha foi bem sucedida e um homem apareceu com uma cópia de uma edição rara de Edward Fitzgerald que era uma tradução de O Rubaiyat, que segundo ele apos deixar seu carro destrancado, estranhamente foi encontrado no banco de trás de seu veículo na noite anterior em que o corpo do homem não identificado foi encontrado, porém o homem não sabia desse fato.
Após exames de microscopia, foi confirmado que era o mesmo livro de onde a pagina havia sido arrancada. Na parte de trás do livro havia rebiscos a lápis, um tipo de código estranho. Também estava escrito no livro o número de telefone de uma ex-enfermeira que, ao servir na II Guerra Mundial, deu uma cópia de O Rubaiyat a um oficial do exército chamado Alfred Boxall. A polícia acreditou que o morto fosse Boxall, até encontrá-lo vivo e com sua cópia do Rubaiyat completamente intacta. Após o inquérito, foi feito um molde em gesso da cabeça e ombros do homem para possiveis identificações posteriores, e ele foi então sepultado pelo Exército de Salvação, para não ser enterrado como indigente. Anos depois do enterro, algo muito estranho foi notado, flores começaram a ser depositadas sobre o túmulo. A polícia investigou, porém não descobriu quem estava depositando as flores. Até hoje o mistério do homem de Somerton permanece sem solução. Ninguém sabe quem ele era, e o que a frase "Taman shud" significava, e o código misterioso jamais foi decifrado.