terça-feira, 29 de outubro de 2013

Robert - O Boneco Assombrado

Em 1896, a escrava de um rico comerciante deu ao filho do seu dono um boneco de palha que, segundo consta, havia passado por um ritual de magia negra. O garoto Eugene batizou o boneco de Robert e, durante a sua infância, toda vez que algo ruim acontecia e a culpa recaía sobre Eugene, ele dizia que Robert havia feito isso. 
Estranhos eventos começaram a ser relatados. Taças e talheres eram atiradas na sala de jantar, servos escondidos durante seus turnos da noite enquanto ouviam barulhos de roupas sendo rasgadas e papeis que eram amassados e jogados no chão em aposentos esquecidos da casa. Brinquedos queridos de Eugene começaram a aparecer multilados quando no profundo da noite se ouvia uma fina risada. 


O jovem Robert adorava conversar com seu amiguinho, e alguns empregados repararam que o boneco parecia responder, ou ao menos parecia haver um diálogo entre eles. Alguns também comentavam que a expressão do boneco mudava discretamente de tempos em tempos. Sorrisos maliciosos surgiam em seus lábios desenhados. Também haviam boatos de que o boneco desaparecia e surgia nos lugares mais inusitados. 

Vizinhos afirmavam ter visto o brinquedo nas janelas da casa quando a família estava fora, e membros da família Otto disseram ter ouvido em mais de uma ocasião uma risada tétrica vindo de algum lugar onde não havia ninguém, exceto o brinquedo. O boneco Robert assustava as pessoas durante o dia, mas a noite ele focava a sua atenção no jovem Robert Otto. O menino sofria de pesadelos e acordava no meio da madrugada, gritando de medo, a medida que móveis e objetos voavam pelo quarto e se espatifavam nas paredes. Robert parecia sempre apavorado, mas jamais contava o que estava acontecendo. Ferimentos e arranhões começaram a aparecer em seu corpo. Tufos de cabelo branco manchavam seus cabelos escuros. 

Em duas ocasiões o menino, na época com seis anos, desfaleceu e um médico foi chamado para examiná-lo. Averiguou-se então que ele apresentava marcas de estrangulamento no pescoço. Seus pais achavam que algum empregado pudesse estar por detrás dos ataques e mandaram todos embora. Mas os estranhos ataques continuavam acontecendo. Em uma noite, o menino foi encontrado de baixo da cama, estava paralisado de horror. Havia uma marca de mordida em seu pescoço. Quando finalmente despertou, o pai exigiu saber o que havia acontecido e aos prantos o menino respondeu: "Robert fez isso! Robert fez isso!" 

O boneco foi removido e os ataques imediatamente cessaram. Os jornais na época deram grande destaque a esses acontecimentos. 


Quando os pais de Gene morreram ele redescobriu Robert no sótão.



A esposa de Gene sentia-se desconfortável, até que um dia cansou-se do olhar incômodo do boneco e o devolveu ao sótão. Gene ficou chateado e exigiu que Robert tivesse um quarto só para ele, de onde pudesse ver a rua pela janela. Pouco depois a sanidade de Gene começou a diminuir. Os cidadãos de Key West relatavam ver Robert na janela rindo. Crianças evitavam passar perto da casa com medo do olhar maligno do boneco. 


Visitantes diziam ouvir passos no sótão e estranhas risadas, ate que após um tempo as visitas cessaram na casa de Gene. Conforme Eugene envelhecia, foi ficando extremamente abusivo com Anne, sendo descoberto depois que ela chegou a ser trancada diversas vezes no cubículo debaixo da escadaria várias vezes ao dia. 

Robert Otto faleceu em 1974, anos antes de sua morte, o boneco foi encontrado e repórteres tentaram falar com ele a respeito de suas experiências. Ele jamais quis falar sobre o assunto. Robert foi achado no porão da casa de campo dos Otto, vendida em meados dos anos 1950. Seu dono encontrou junto com o sinistro brinquedo, um caderno com recortes a respeito de sua estranha estória. Ninguém sabe quem reuniu os recortes. Posteriormente o brinquedo foi vendido a um colecionador (que segundo rumores morreu em um estranho incêndio) e finalmente doado para o museu.




Após a morte e enterro de Eugene, Anne foi para casa de sua família em Boston e colocou sua casa para alugar. Robert foi redescoberto no sótão pela filha de 10 anos dos novos proprietários da casa. Pouco tempo depois a menina começou a se queixar que Robert a torturava e infernizava sua vida. 


Mesmo após 30 anos ela continua a afirmar que "A boneca estava viva e queria matá-la". Robert, ainda vestido em sua roupa branca de marinheiro está hoje em exibição no Key West Martello Museum. 
Funcionários do museu continuam a relatar estranhos fenômenos atribuídos a Robert: pessoas com marca-passos que param de funcionar na sua frente, assim como máquinas fotográficas (as autoridades do Museu gastaram 6 rolos de filme e muitas pilhas e só conseguiram uma meia dúzia de fotos para divulgação). Curadores do Museu reportaram terem visto Robert mudar de posição durante a noite, mesmo estando atrás de uma jaula de vidro. 

Pessoas que vão ver Robert também contam pasmas terem visto suas expressões faciais mudarem diante de seus olhos. Quem desejar tirar uma foto dele, deve pedir educadamente AO BONECO, se ele não concordar, a sua cabeça inclinará para o lado. Dizem que quem tirar uma foto de Robert sem a sua permissão, será amaldiçoado. 
Os visitantes que esquecem desses costume devem pedir desculpas. O grande número de câmeras que misteriosamente deixam de funcionar no exato momento em que o boneco é fotografado, ajudou a sedimentar a crença.

   

Fonte: http://www.robertthedoll.org/

O mundo das incertezas!


Se beber, não dirija!


domingo, 27 de outubro de 2013

Dumb Ways to Die no Rio de Janeiro!


Pra quem passou o ano de 2013 todo em coma e não sabe que o vídeo original de Dumb Ways to Die é uma campanha pro metrô da Austrália, pelo amor de deus assiste o vídeo aqui primeiro que é sensacional. 




Ele mostra formas estúpidas de morrer, incluindo andar nos trilhos do metrô etc. Agora resolveram fazer uma paródia da música mostrando formas idiotas de morrer… maaaaaaaaaaas… NO RIO DE JANEIRO. Simmmmm, os caras pegaram pesado na crítica social recheada de deboche e mostraram algumas formas bem idiotas de se morrer na Cidade Maravilhosa. 

Tem surf no trem, bueiros explosivos, balas perdidas e outras coisas comuns idiotas que poderiam te matar no Rio. 

Aconselho a quem é do Rio de Janeiro e se ofende fácil com essas coisas, que nem assista o vídeo. Ou então assista e fique reclamando nos comentários do blog ali em baixo, sei lá, depende o tipo de chato que você é. 

Polêmicas a parte, o vídeo ficou muito bom:


terça-feira, 22 de outubro de 2013

Propagandas Proibidas - Parte 2



















Sereias: Mito ou Realidade?


Na Mitologia Grega, são seres metade mulher e metade peixe (ou pássaro, segundo alguns escritores antigos) capazes de atrair e encantar qualquer um que ouvisse o seu canto.
sereiasSeu número variava. Viviam em uma ilha do Mediterrâneo, em algum lugar do Mar Tirreno, cercada de rochas e recifes ou nos rochedos entre a ilha de Capri e a costa da Itália.

A sedução provocada pelas sereias era através do canto. Os marinheiros que eram atraídos pelo seu canto e se aproximavam o bastante para ouvir seu belíssimo som, descuidavam-se e naufragavam.

Em geral são consideradas filhas do deus rio Aqueloo e da musa Melpômene ou de Terpsícore. Homero afirmou que elas podiam prever o futuro, o que condiz com divindades nascidas de Gaia.

Elas participam da lenda de Odisseu e dos Argonautas, em ambos os casos eles resistiram ao seu canto. Os argonautas, por causa da música de Orfeu, e Odisseu por causa do conselho recebido de ser amarrado ao mastro e ordenar à tripulação tapar os ouvidos com cera para não escutarem o canto das sereias.

As mais extensas referências a elas são as da Odisséia, as da Argonáutica, de Apolônio de Rodes. A mais antiga é a da Odisséia.

Há muitos mitos na Grécia Antiga sobre sereias, alguns dizem que elas seriam mulheres que ofenderam a Deusa Afrodite (deusa da beleza e do amor) e como castigo foram viver em um ilha isolada. Em outros conta-se que elas eram ex-companheiras de Perséfone, filha de Zeus e Deméter, que foi raptada por Hades, Deus dos Infernos. Segundo a lenda, as sereias devem sua aparência a Deméter, que as castigou por terem sido negligentes ao cuidarem de sua filha

As sereias eram representadas como grandes pássaros com cabeça e busto de mulher. Podemos encontrar sua figura presente em frisos, monumentos fúnebres, vasos da arte grega, estatuetas, jóias e outras obras.
As sereias representam na cultura contemporânea o sexo e a sensualidade.
Em nossos dias, utiliza-se ainda a expressão "canto da sereia" que designa algo que tem grande poder de atração em que as pessoas caem sem resistência.
Na literatura moderna, as sereias inspiraram muito poemas e numerosas obras, como O Silêncio das Sereias, de Kafka (1917), A história da sereia, de E.M. Forster (1947), As sereias de Titã, de Kurt Vonnegut (1959), entre muitas outras.





“Muito longe da terra, onde o mar é muito azul, vivia o povo do mar. O rei desse povo tinha seis filhas, todas muito bonitas, e donas das vozes mais belas de todo o mar.
A filha mais nova era especial, com sua pele fina e delicada como uma pétala de rosa e os olhos azuis como o mar. Como as irmãs, não tinha pés mas sim uma cauda de peixe. Ela era uma sereia”.

Assim se inicia, na atmosfera melancólica do Romantismo, um dos primeiros contos de Hans Christian Andersen (1836), apropriadamente intitulado A Pequena Sereia. Arquétipo bondoso das antigas beldades mitológicas híbridas, meio-mulher, meio-peixe, de voz encantadora.

As Perigosas Mulheres Voadoras


A bem da verdade, as primeiras sereias - sirenas -, popularizadas na Grécia Antiga, não eram particularmente atraentes. Deviam mesmo ser evitadas.

Eternizadas por Homero (o grande educador da Grécia, enunciou Platão) e Virgílio, os seus leitores ficaram a saber que estas invulgares criaturas habitavam um punhado de idílicas ilhas mediterrânicas, próximas do Estreito de Messina entre a Sicília e a Península Itálica.
Porém, estas ensolaradas ilhotas paradisíacas beijadas pelo mar cálido e abençoadas pelo fértil solo vulcânico guardavam histórias inquietantes.
As maléficas habitantes notabilizavam-se por irresistíveis dotes musicais que atormentavam os navegadores desprevenidos.

Outro pormenor sobressaía dessas ilhas: estavam cheias de ossadas humanas, restos das vítimas arrastadas pelas vozes sedutoras das sereias que os devoraram. Um perigo difícil de evitar, pois quem pode escapar àquilo que deseja?

A morada das sereias, tornada em formidável obstáculo marítimo, deixou o seu legado até hoje no diminuto arquipélago que ostenta a sua origem mitológica: os ilhéus Sirenusas (ou Galli) ao largo do Sul de Itália, de onde foram desalojadas pelas hordas de turistas anualmente despejadas na vizinha costa de Amalfi, Positano e Capri.
 
A paternidade das sereias sempre foi problemática e diversamente atribuída. Uns queriam que fosse Forcis, divindade marinha pouco simpática com os navegadores - representava os perigos das profundezas marítimas -, ou, na versão mais bem sucedida, à união do deus-rio Aqueloo e da ninfa Calíope. Outros ainda afirmavam terem as temíveis sereias brotado do próprio sangue derramado por Aqueloo após a sua derrota às mãos de Hércules. A genealogia não ajuda, pela falta de clareza dos seus progenitores.

Quanto ao pormenor genético que originalmente as distinguia, as asas - ou o corpo - de ave, os autores mais antigos também não concordam.

Segundo Ovídio (Metamorfoses), as sereias teriam ganho asas em resposta à súplica aos deuses para procurarem a bela Perséfone (romana Prosérpina), que acompanhavam quando esta foi raptada pelo deus do infra-mundo e governante do mundo dos mortos Hades (romano Plutão). Outra versão estabelecia que se tratava de uma punição infligida pela deusa Deméter (romana Ceres) por não terem impedido o rapto da jovem Proserpina sua filha.

O que é certo é que as línguas nórdicas retiveram a distinção entre as sereias (sirens) originais e as posteriores mutações mitológicas em donzelas do mar (inglês mermaid ou alemão seejungfrau, por ex.), literalmente.

Já para o comum homem medieval, tudo o que viesse à rede com tronco de mulher e cauda de peixe só podia ser sereia, sem penas.


De Aves a Peixes


A entrada das sereias no mundo marinho deve-se a Ulisses, o bravo rei de Ítaca que , na noite dos tempos, teria fundado Lisboa e ainda desnorteado um bando de sirenas a tal ponto que estas, de tão desesperadas, se lançaram no mar.

Este episódio, seguramente o mais célebre da longa vida das sereias, foi amplamente ilustrado na Grécia Antiga, demonstrando o estratagema eficaz com que se anulou o canto funesto das mulheres-aves: Ulisses tapou os ouvidos com cera de mel e fez-se amarrar ao mastro do seu navio  para atravessar a melodia mortal.

Com o passar dos séculos e a mudança das mentalidades ocidentais, o mito das sereias evoluiu.

Eminentemente sedutoras, povoaram o recatado imaginário medieval nas páginas de inúmeros manuscritos pacientemente compilados (são mesmo muito sucintamente mencionadas no Nome da Rosa de Umberto Eco, entre os "perigosos" exemplares da sinistra abadia). Provavelmente o mais conhecido  bestiário terá sido o «Liber Monstrorum de Diversis Generibus», do séc. VIII (edição italiana online). Desta obra exaustiva das espécies bizarras, agrupando seres reais e imaginários, destaca-se a sereia.

Embora esporadicamente representada na Antiguidade na sua configuração marinha, a sereia tal como a conhecemos hoje só adquiriu definitivamente a emblemática cauda de peixe na Idade Média.

A ascensão do Catolicismo ajudou a transformar estas criaturas em fruto proibido, cuja beldade enganadora, símbolo da tentação, constituiu uma apropriada representação do Mal aos olhos da Igreja. As sereias notabilizam-se como derradeira personificação feminina da volúpia e símbolo do pecado.

No Antigo Testamento, o profeta Isaías anuncia a dança das sereias nos templos do prazer de Babilônia, após a destruição desta cidade da perdição (Isaías, 13,21).

A dimensão da perdição nas sereias não se perde com o Renascimento. O tratadista milanês Andrea Alciato, pioneiro no gênero literário dos emblemas morais, incluiu as sereias como símbolos da lascívia.

O fascínio cresceu lentamente na Idade Média e conheceu o auge da sua difusão no Renascimento. Na História da Arte européia, a perigosa beleza cativante destas mulheres aquáticas ganhou expressão notável como ícone da cultura popular medieval - apenas rivalizada pelo dragão. 


Encontros imediatos aquáticos

Das mais variadas latitudes surgiram relatos de encontros imediatos com as sereias. Alguns deixaram - insistiam os seus autores - testemunhos inequívocos da sua existência. As terras e mares distantes revelavam aos poucos os seus habitantes mais originais aos exploradores.

No prefácio ao relato do navegador Richard Whitbourne, A Discourse and Discovery of New-Found-Land (1620), dá conta de um encontro em 1610 no porto de São João da Terra Nova, futuro Canadá.


Louis Renard, «Poissons, Ecrevisses et Crabes» (1718) (Universidade de Glasgow)
Em 1718, o francês Louis Renard publicou em Amsterdam uma colecção ilustrada de desenhos científicos intitulada Poissons, Ecrevisses et Crabes: de diverses couleurs et figures extraordinaires, que l'on trouve autour des Isles Moluques, et sur les côtes des Terres Australes, onde incluiu um exemplar de sereia, capturada próximo de Amboino, no arquipélago das Molucas (atual Indonésia) que sobreviveu quatro dias e sete horas numa bacia com água. O testemunho foi obtido, juntamente com desenhos originais entre 1705 e 1715, de funcionários da Companhia das Índias Orientais holandesa.

Décadas mais tarde, em 1805, e mais a Oriente, uma outra sereia, foi alegadamente recolhida na Baía de Toyama. Bem menos atraente, de acordo com o texto, tal criatura mediria 10,6 metros.

Desenganem-se os que crêem que as sereias levam vida fácil. Para chegarem até hoje, terão sobrevivido a oligarquias, monarquias, repúblicas, às grandes revoluções e às guerras mundiais.
 
Contra todas as probabilidades, atormentadas pelos deuses antigos, superadas por Orfeu e Ulisses, depois condenadas pela moral cristã, ultrapassadas e dissecadas pela ciência das Luzes, as sereias sobreviveram. Não consta que algum especialista se tenha debruçado sobre os efeitos das alterações climáticas  ou das marés negras nestes seres delicados. A prova do seu sucesso: incorporam as suas histórias no mundo atual, principalmente na arte.

Os séculos XVIII e XIX são já pouco dignos para com as criaturas marinhas. O espetáculo das feiras ambulantes de bizarrias no Japão (misemono), com digressões pelos Estados Unidos e na Europa em respectivos freak shows, eram habitualmente protagonizados por sereias, supostamente originárias do Japão e das Índias Orientais.  De um dia para o outro, multiplicaram-se os "achados" de "sereias" por pescadores nipônicos. Alguns exemplares mais evoluídos possuíam, pois claro, o dom da fala.
Apesar da sua malícia, ou precisamente devido a ela, não deixaram de ser apreciadas ao longo da História. Porém, chegado o século XIX, a época Romântica deu uma contribuição decisiva na transformação das sereias em criaturas adoráveis. Continuaram a fascinar os mortais, cada vez mais jovens e já sem malícia.

O século XX viu nelas uma potencial fonte de receitas muito apreciável e assim se conciliou o útil com o agradável. Até surgir o momento da "verdade". É que o canto das sereias terá terminado recentemente.

Tudo isto para colocar a questão transcendental: para onde foram as sereias? E porque não ouvimos o canto delas?

Será que a moderna sociedade de ruídos e bombardeamentos audiovisuais abafou as celebradas criaturas misteriosas que outrora prosperavam nas imaginações enamoradas dos marinheiros e nas páginas de entusiásticos contadores de histórias, numa tradição milenar que remonta a Platão e que tentaram arrastar Ulisses para a sua perdição?


A questão secular ressurgiu em Maio passado, no país do costume. O canal Animal Planet, da Discovery Channel, apresentou "Mermaids: The Body Found", um documentário acerca da existência de sereias, carregado de efeitos especiais que se propõe retratar "um retrato bastante convincente da existência das sereias, da sua provável aparência e porque permanecem escondidas", nas suas próprias palavras. Em letrinhas minúsculas, adverte-se vaga e confusamente que o programa partiu de acontecimentos reais e de "teorias científicas".

Este entusiasmo e as belas imagens geradas por computador foram o suficiente para criar a polêmica. Conjecturando acerca de um hipotético estágio evolutivo apelidado de "símio aquático", as expectativas das mentes mais susceptíveis pareciam ter aqui o substrato de que necessitavam. Não terá sido grande ideia, dado que quase metade dos norte-americanos negam a Teoria da Evolução. Enquanto uns continuam a defender convictamente a existência de sereias, outros foram mais longe e apontaram provas arqueológicas do temível cefalópode gigante Kraken (que afinal não passam de vértebras de ictiossauro), equívoco prontamente desfeito pela National Geographic Society.

A comunidade científica não tardou em questionar a "ciência" do documentário. As discussões incendiaram a internet e prosseguiram o tempo suficiente até perderem a novidade. Mas, perante a enxurrada de emails de cidadãos crédulos com que foi assediada, a própria administração oceanográfica norte-americana, NOAA (a NASA dos mares) viu-se forçada a emitir esta inédita, mas algo óbvia, declaração oficial à população: lamentamos, mas jamais foram encontradas evidências de humanóides aquáticos.

Resta o consolo de  vestir uma cauda de peixe, como a nadadora e modelo australiana Hannah Fraser, que, inspirada pelo filme Splash, mergulha nos mares para nadar com baleias, golfinhos e tubarões em defesa do oceano e dos ambientes marinhos.

Claro se torna ser impossível apagar estas Atlântidas literárias.  Nem as maiores montanhas de água, nos vastos e ainda muito pouco conhecidos oceanos, conseguem diluir o imaginário ancestral.

Mesmo submersas e silenciosas, as sereias permanecerão para sempre inspiradoras.


 
 Mermaids: The Body Found (Discovery/Animal Planet)


Depois do documentário que ganhou o carimbo de falso pelo Discovery, pelo Animal Planet e por muita gente ao redor do mundo. Os cientistas que tiveram as provas supostamente apreendidas pela Marinha, resolveram pesquisar mais a fundo. Então, no dia 6 (seis) de março de 2013, portanto este ano, dentro de um mini-submarino, mergulhando na região da Groenlândia, o inusitado, a lenda, o mito supostamente resolveu provar que é muito mais real do que pensam nossos grandes e ortodoxos cientistas.


Desta vez, estes dois cientistas, Dr. Torstein Schmidt e seu colega simplesmente conseguiram supostamente filmar não só todo um "cardume" de sereias passando pelo mini-submarino, como gravaram o momento inusitado em que uma delas toca o vidro do mini-submarino, deixando-se ver claramente.

Assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões.
 


Sereias - Novos Indícios [Dublado - Discovery Channel HD]




Fonte:
RIBEIRO JR., W.A. As sereias. Portal Graecia Antiqua, São Carlos.
 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O Surgimento de um Mito Moderno, o Caso do Slender Man


O Slender Man é um mito moderno: um perseguidor silencioso sem rosto que observa da escuridãozombando da forma humana enquanto sua silhueta delgada causa paranóia edesespero sem fim. Geralmente ele viaja pelo mundo, invisível, a menos que seja acidentalmente fotografado ou inadvertidamente filmado por uma câmera. Se você for capaz de vê-lo e atrair sua atenção, então já é tarde demais. Mesmo pensar nele é perigoso.

Engraçado que há cinco anos, um tempo relativamente curto, ele sequer existia.

Como tudo isso começou?

Diferente de muitas lendas urbanas, cuja origem é difícil de se traçar, com o Slender Man é justamente o contrário. Por volta de junho de 2009, os frequentadores de um  fórum de horror chamado Something Awful se juntaram para criar falsos boatos sobre criaturas sobrenaturais. Seu objetivo era inventar lendas urbanas que parecessem verdadeiras e que realmente despertassem dúvida e apreensão. Quando um usuário chamado Victor Surge postou duas fotos de uma figura misteriosa, na companhia de crianças, algo especial aconteceu. Como se uma fagulha tivesse se acendido no imaginário coletivo, a coisa tomou forma. Surge escreveu dois trechos de texto juntamente com as fotografias que criaram o conceito que definiu o Slender Man. Essa seria a base para o mito que nos meses e anos seguintes cresceria fora de controle.

A partir desse início humilde o tal Slender Man passou a ocupar um lugar de destaque na cultura digital. Versões de sua história foram publicadas em todo o espaço público na Internet, suas aparições assustadoras foram compartilhadas e Creepypastas afloraram de uma hora para outra. Essencial para sedimentar a imagem icônica do Slender Man foram os vídeos divulgados no YouTube, dedicados à exploração do Mito. Marble Hornets é sem dúvida o mais conhecido, mas não o único.Cada abordagem ajudou a moldar a imagem perturbadora da criatura e transformar a lenda em algo sofisticado e cada vez mais elaborado.


Quando surgiu, o Slender Man era uma entidade paranormal que perseguia crianças, mas com o passar do tempo ele se transformou em algo mais sinistro. O Slender Man se converteu em uma entidade enigmática e ameaçadora cujo propósito ninguém sabe. Ele persegue suas vítimas e a medida que as enlouquece, vai chegando cada vez mais perto, até o momento em que resolve atacar. A lenda se cristalizou em algo que atraiu mais e mais pessoas interessadas em saber, discutir e trocar ideias sobre a "criatura".

A velocidade com a qual o Slender Man se fixou no universo digital talvez possa ser atribuída à natureza aberta da sua criação. Escritores pegaram o que queriam a partir do material original, descartando o resto, e acrescentaram suas próprias versões do mito. Entretanto, a mutação mimética aconteceu em um período de tempo incrivelmente  comprimido. Um dia, ninguém tinha ouvido falar dele, no dia seguinte, ele estava em todo lugar. Já em mil variações distintas.
Há duas razões, acredito eu, para o sucesso do Slender Man: a primeira é a maneira como ele evoca um tipo particular de terror iconográfico. O Slender Man é uma figura absolutamente estranha. Ninguém sabe nada sobre sua origem. Suas motivações são deixadas em aberto. Por que esse horror escolhe determinadas pessoas e ignora outras? Por que ele observa de longe ao invés de se aproximar? O que acontece com suas vítimas? O Mito é repleto de perguntas sem resposta, o que cria uma aura de incerteza. Quando se sabe tão pouco a respeito de algo, como ter certeza de que se está à salvo? Um vampiro ou um lobisomem, por exemplo, não são uma ameaça durante o dia ou sem uma lua cheia despontando no céu. O Slender Man, por outro lado, pode surgir em qualquer lugar, à qualquer momento.
Outro fator que causa perturbação é a ausência de uma face humana. A falta de uma fisionomia, torna suas motivações ainda mais enigmáticas. Não há como ler suas intenções, como presumir o que ele está pensando ou como vai agir. Na cultura popular, dizem que os olhos são o espelho da alma, a ausência deles poderia representar que não há uma alma habitando esse ser? 

Além disso, há nuances de "O Grito" a obra prima de Munch, que provoca um misto de fascinação e repulsa em todos que a admiram. Os membros do Slender Man são alongados além do natural e há algo perturbador na desproporcionalidade corporal. Artistas clássicos afirmavam que a beleza reside nas proporções exatas do ser, seria possível que as bizarras diferenças anatômicas do Slender Man sejam responsáveis pelo horror que ele evoca? A cabeça lisa e calva, tem uma tendência a se inclinar lentamente para o lado e por alguma razão tal coisa acessa um sentido primal remetendo aos predadores da natureza. 

No estudo da psicologia é sempre difícil determinar porquê uma manifestação em especial afeta o imaginário das pessoas. Porque uma forma em particular ressoa tão profundamente no inconsciente coletivo. O que é interessante é a forma que o Slender Man cria uma imagem ao mesmo tempo sutil e perturbadora. 

Analisando em um primeiro momento, não há nada no Slender Man terrível a ponto de causar temor, entretanto, por algum motivo, a imagem se faz assustadora. 
A segunda razão que torna o Homem Magro tão popular, parece-me, encontra-se dentro dos limites da própria mitologia que ele criou. Vivemos em uma época que em qualquer mito pode ser dissecado e analisado exaustivamente​​; o acesso a informação é nosso aliado constante na batalha contra a superstição e o medo. Compreender um mito é uma forma efetiva de desmistificá-lo, torná-lo corriqueiro e acessível.

Mas como Slender Man é justamente o contrário. A origem da "criatura" é bem conhecida, mas mesmo assim um número crescente de pessoas tende a subverter sua origem a fim de encará-lo como algo real. O Slender Man se tornou um pesadelo de domínio público, cada pessoa acrescenta ao mito uma pequena parcela de informação até um ponto em que não se sabe mais o que pode ser considerado válido em seu background original. O mito está em constante transformação.

Assim, nossa inteligência analítica, acaba subvertetida. Para um mito se desenvolver ele precisa ser alimentado e no caso do Slender Man o número de indivíduos dispostos a ajudá-lo a crescer é monumental. Cada um parece disposto a contribuir com alguma pequena peça do quebra cabeça que vai se tornando mais e mais intrincado sem jamais permitir que o desenho seja visto com clareza.


Em suma, o Slender Man não é sobre sangue ou violência, mas sobre a paranóia que rasteja em nossa mente criativa. Ele conjulga medos que nós mesmos escolhemos incorporar a sua origem. 

O mito se enraíza onde existe espaço para dúvida, ignorância ou medo, e é perpetuado pornosso próprio desejo de explorar cada uma de suas facetas e completar as lacunas que validam sua existência.

O que torna o Slender Man tão asustador?

Na minha opinião, é ver onde ele chegou em tão pouco tempo com a ajuda de tantas pessoas interessadas em propagar sua imagem onde quer que seja.

O Slender Man está "vivo" e continuará nos assustando por um bom tempo.

Slenderman - Lenda Urbana se espalha rapidamente pelos Estados Unidos


Como nascem Lendas Urbanas?
Uma das mais populares lendas urbanas atualmente nos Estados Unidos, sobre o Slenderman, aparentemente surgiu em um concurso da internet quando os leitores do fórum "Something Awful" foram convidados a criar uma criatura sobrenatural em um tópico chamado "Crie uma Entidade Paranormal".

A idéia era trabalhar fotografias manipuladas e usá-las para enganar as pessoas em outros foruns, como se elas fossem autênticas. Os membros do fórum começaram a manipular através de photoshop imagens adicionando fantasmas e outras criaturas bizarras, usualmente acompanhadas de algum background ou explicação do que estava sendo visto.

Em 10 de junho de 2009 um membro do forum chamado Victor Surge enviou para o tópico duas fotografias e a história de uma criatura bizarra que atacava crianças.

Assim teria nascido o mito do Slenderman (algo que poderia ser traduzido como Homem Alongado).

A explicação suprida por Victor Surge à respeito das fotos enviadas detalhavam que no dia em que aquelas fotos foram tiradas, catorze crianças desapareceram. Ele também contou que a biblioteca onde a fotografia foi encontrada queimou por inteiro uma semana após a descoberta.


O Slenderman é descrito como uma criatura obscura, incrivelmente alta e magra. Dotada de longos braços que se estendem a distâncias impossíveis para agarrar suas presas (e algumas vezes retratados como se fossem tentáculos). Para alguns a coisa aparece vestida com uma espécie de terno e gravata escuros, mas em outras vezes ele é apenas uma sombra mais ou menos humanóide e delgada. Para adicionar um detalhe perturbador, o Slenderman não possui rosto. Sua face é um borrão desfigurado sem olhos, nariz ou boca que podem ser discernidos.
A principal motivação do Slenderman aparentemente era sequestrar e matar crianças. Ele era visto pouco antes do desaparecimento de uma criança ou do desaparecimento simultâneo de várias crianças de uma unica vez. A criatura parece preferir atacar em silêncio, espreitando à distância, oculto em florestas cobertas por nevoeiro espesso ou então em ambientes urbanos escuros como becos, vielas e sob viadutos. Nesses ambientes ele pode se misturar com a paisagem evitando ser visto claramente por testemunhas.

Crianças são capazes de perceber a sua presença ainda que adultos falhem em detectá-lo, exceto pelo acaso, como quando tiram fotografias ignorando que a criatura está no background observando. Por alguma razão a criatura sempre esta perto de uma área onde crianças se reúnem: parquinhos, escolas, jardins, playgrounds... Segundo o mito, crianças que passam a ser perseguidas pelo Slenderman experimentam pesadelos recorrentes antes de desaparecer sem deixar vestígios.

A lenda logo se espalhou pela internet e outras peculiaridades foram somadas a ele. Qualquer pessoa que via o Slenderman, quando criança passava a ser perseguida pelo resto da vida. Ele surgia em lugares inesperados, sempre observando ao longe, lentamente levando a pessoa a loucura. Por fim, quando a vítima estava prestes a perder a razão, o monstro aparecia para levá-la embora ou matá-la.

Logo, crianças não eram mais as únicas vítimas. Adultos e adolescentes passaram a ser assombrados pelo misterioso homem sem face. O mito rapidamente evoluiu e ufólogos se apoderaram dele considerando o Slenderman como um tipo de forma de vida extraterrestre interessada em recolher espécimes para algum tipo de experiência biológica.

A entidade também ganhou braços extras que brotavam de seus flancos ou do tórax como se fossem membros flexíveis semelhantes a tentáculos. "Uma vez que esses tentáculos agarram sua vítima, a envolvem rapidamente como uma gigantesca serpente constritora capaz de esmagar cada osso de seu corpo", diz um fórum. O Slenderman também ganhou poderes hipnóticos sendo capaz de mesmerizar suas vítimas com um olhar paralisante por tempo suficiente para que ele pudesse se aproximar e efetuar a captura da presa escolhida. Em outras fontes, ver o Slenderman causava uma onda de náusea incontrolável ou fraqueza que deixava a vítima incapaz de reagir e mesmo tentar escapar.

Há muita discussão sobre as motivações do Slenderman. Para alguns a criatura é movida por um desejo irracional de matar. Para outros ela precisa atacar humanos a fim de absorver seus corpos e garantir assim sua própria sobrevivência. Ele não devoraria suas vítimas, mas as absorveria inteiramente deixando nada além de poeira através de um processo de desintegração -- por isso nenhum cadáver jamais foi encontrado. Para outros, o Slenderman sequestra as suas vítimas e as carregava consigo para seu lugar de origem, outra realidade, outra dimensão, outro mundo...

Não demorou para que imagens da criatura começassem a circular pela internet através de fotografias e desenhos, bem como relatos de ataques e avistamentos. Logo blogs, páginas e vídeos começaram a pipocar no you-tube mostrando a diabólica entidade atormentando indivíduos capazes de perceber a sua presença ameaçadora. Uma coleção de vídeos chamada Marble Hornets narra a busca de um estudante de cinema que tenta provar que o mito é verdadeiro a partir da investigação do material de gravação pertencente a um colega desaparecido (uma vítima da entidade).

Há muitas interpretações sobre o Slenderman e alguns apontam para arquétipos presentes no folclore mundial. Há algo na lenda que remete à crença macabra da "figura sombria" espreitando os vivos. Essa crença era algo comum na Europa Medieval quando os camponeses acreditavam que a morte visitava os vilarejos observando suas vítimas poucos dias antes delas serem clamadas por sua foice. No século XVI, um artista chamadoHans Holbein produziu várias obras tendo como tema central a Dança da Morte -- o momento em que a morte conduz as suas vítimas em fila para o além.

A idéia de uma criatura que persegue crianças também não é nada nova. Ao longo dos tempos, lendas como a do Boogeyman(bicho papão) foram muito difundidas nas mais diferentes culturas, assumindo inúmeras formas e aspectos. Os Boogeyman sempre foram uma alusão assustadora para que as crianças não acreditassem em estranhos, uma forma de "educar" através do medo.

Recentemente lenda urbana e mito começaram a se manifestar no mundo real ou pelo menos é o que algumas pessoas acreditam.

Em Novembro de 2009, um rapaz telefonou para um programa de rádio ao vivo à respeito de pessoas com problemas psiquiátricos para relatar que sua namorada sofria alucinações com uma criatura semelhante ao Slenderman. Esse telefonema deu início a dezenas de outras ligações com pessoas afirmando ter testemunhado algo semelhante ou conhecer alguém que via algo parecido.

Uma das pessoas que telefonou foi uma moça chamada "JoAnne" que contou alguns detalhes sobre sua infância cheia de abusos e negligência até começar a relatar visões de uma entidade que a apavorava desde os cinco anos de idade.
"... eu o vejo desde que era uma menina, essa coisa demoníaca. Ele é como uma sombra muito alta. Não tem rosto, e seus braços são muito longos. Eu sinto quando ele vai aparecer, posso sentir quando ele está por perto. Consigo vê-lo no canto dos meus olhos esticando aqueles longos braços para me tocar, mas quando eu viro ele não está mais lá. Mas de alguma forma eu sei que um dia eu vou me deparar com ele, e então ele vai me apanhar... e eu vou morrer".

“JoAnne” afirmou que jamais havia ouvido falar da lenda do Slenderman ou de 
Marble Hornets. Antes de terminar a ligação aos prantos, ela disse:

"Eu tenho medo do que pode acontecer se ele me alcançar. Eu fico com tanto medo a ponto de não conseguir me mover. Às vezes eu penso que estou enlouquecendo. Tem noites que eu não consigo dormir e qualquer som faz com que eu dê um salto da cama. Eu estou tão assustada, preciso de ajuda!"
É claro, à primeira vista essas ligações não parecem mais do que brincadeiras de mau gosto feitas por pessoas que conheciam a lenda urbana e que queriam apenas espalhar o boato.

Mas então sobreveio um caso inesperado. Em janeiro de 2009 o serviço da Linha de Apoio aos Suicidas de Baltimore, Maryland recebeu a ligação de um rapaz que se identificou como "Mike" dizendo que era perseguido por uma "entidade estranha" ou "uma sombra alongada" e que pensava em cometer suicídio por não aguentar mais aquela situação. A ligação foi gravada e após alguns minutos de conversa Mike desligou o telefone abruptamente.

Não seria nada de mais, exceto que a polícia de Maryland no dia seguinte encontrou o corpo de um rapaz chamado Michael Horvath que cometeu suicídio se atirando do alto de uma ponte. Para alguns Horvath seria a pessoa que ligou para a Linha de Apoio em busca de ajuda. O caso ganhou certa notoriedade e entrevistas de canais de televisão com parentes e amigos do suicida apuraram que ele sofria de depressão profunda e tomava medicamentos para o controle de ansiedade.

Então vem a pergunta: será que a ficção está invadindo a realidade e a imaginação das pessoas? Será que a Lenda Urbana realmente está afetando a mente de pessoas sensíveis e naturalmente propensas a acreditar na existência dela? Ou mais sério ainda, seria possível que essa mesma lenda de alguma forma estivesse  tomando forma a partir do inconsciente coletivo, como uma espécie de Tulpa?


Algumas pessoas tem pesquisado as raízes dessa Lenda Urbana. Eles acreditam que seu suposto criador, Victor Surge, teria se inspirado em algo sobre o qual ele próprio ouviu falar e que o Slenderman não seria uma criação sua mas algo que já existia muito antes. Para reforçar essa teoria, apontam para estórias envolvendo a grotesca entidade anteriores a 2009, ano em que ela supostamente foi inventada.
Um conhecido "explorador do sobrenatural" que comanda um programa de televisão na TV à cabo americana, apresentou um especial sobre o Slenderman. Em um dos blocos, uma mulher que dizia ter tido encontros paranormais com a criatura foi entrevistada. A mulher, que preferia não se identificar pelo nome verdadeiro e ser chamada apenas de "Mary", disse que tinha experimentado vários encontros com a misteriosa entidade, uma criatura sombria com a face distorcida e longos braços que se esticavam. "Mary" contou que via essa criatura desde sua infância nos anos 90 quando vivia com a família em Ohio.

Após tratamento psicológico acabou reprimindo essas lembranças esquecendo o que havia acontecido. Mas essas memórias começaram a retornar quando ela teve uma nova experiência, já vivendo em Los Angeles. "Mary" contou ter visto o Slenderman em uma garagem rotativa no centro da cidade, observando-a à distância. Ela disse que a experiência foi tão traumática que ficou "congelada", sem ação precisando da ajuda de pessoas que a encontraram inconsciente. Mary buscou ajuda de especialistas que através de hipnose apuraram que ela tinha várias lembranças reprimidas da criatura. Desde então ela havia encontrado a criatura em pelo menos mais três ocasiões.

Mary aceitou ser hipnotizada no programa a fim de contar sua experiência e sob efeito de transe relatou a traumática experiência descrevendo aos prantos o horror que sentia diante da diabólica entidade. "Ele não tem rosto! Ah meu Deus, ele não tem rosto! Os braços dele! Eles estão se esticando, vindo para mim, oh, não... Socorro!"

A onda do Slenderman continuou se espalhando sendo explorada pelas redes e programas de televisão que se esforçavam para encontrar alegadas testemunhas da ação da criatura.

Um senhor de meia idade chamado Jasper Talbot, morador de Denver contou uma estória que teria ocorrido quando ele era criança pelos idos dos anos 50. Uma estória que o marcou para sempre:

"Quando eu era criança, com 5-6 anos, morava com meus pais em uma casa nos limites da cidade perto de uma floresta. Tínhamos um depósito de carvão nos fundos da propriedade em um terreno cercado. Em uma ocasião, meu pai mandou que eu e minha irmã mais velha buscássemos um saco de carvão. Eu odiava aquilo, mas fui. 

Lembro até hoje que quando nos aproximamos, Buck, nosso pastor alemão, estava latindo. Encontramos a porta do depósito semi-aberta e tivemos uma sensação desagradável, como se alguém estivesse nos observando. Ficamos parados por alguns instantes com medo de nos virar enquanto Buck rosnava e latia. Minha irmã então me segurou forte pela mão, apertando com muita força. Sua face estava petrificada, a boca aberta em um grito que não conseguia sair e os olhos arregalados com terror inenarrável. Eu olhei na direção em que ela estava voltada e então vi também! Era horrível, estava nos observando por cima da cerca -- que media quase dois metros de altura. Mesmo assim, era tão alto que a cerca só chegava  na metade de seu peito. Ele vestia uma espécie de terno preto, seu rosto era um borrão de sombras onde só era possível divisar uma silhueta escura. Mas o pior eram os braços, pareciam duas longas cobras que serpenteavam se esgueirando por cima da cerca, os dedos tão longos que iam até quase o chão. Ele não disse nada, mas quando os braços se esticaram ainda mais, consegui gritar e minha irmã rompeu o transe em que estava. 

Nós corremos para casa sem olhar para traz, corremos até entrar pela porta aos berros dizendo que o diabo estava atrás de nós. Meu pai foi até lá fora, ele sabia que seus filhos não eram mentirosos e que deveriam ter realmente visto alguma coisa que os assustou terrivelmente. Um estranho talvez. Ele levou com ele a arma e voltou alguns minutos depois com uma expressão pálida e perturbada. Meu pai sempre foi um homem sério e rígido que serviu na Coréia e viu algumas coisas realmente horríveis. Ele mandou que minha mãe ligasse para a polícia e trancasse a porta e até o momento que a viatura chegou, montou guarda na janela em silêncio. Meu pai nunca disse o que encontrou e se limitou a dizer que nosso cachorro havia fugido. Eu sempre soube que alguma coisa o havia perturbado muito e que nosso cão não iria simplesmente embora. Nós vivemos naquela casa por mais alguns meses e nos mudamos
para uma outra mais próxima da cidade. Não sei até que ponto a decisão foi motivada pelo que aconteceu, mas tenho certeza que aquilo teve influência. Quando eu li à respeito dessa coisa que as pessoas estão falando eu a reconheci imediatamente. Nunca esqueci o que vi e sei que não imaginei nada daquilo."

Então o que está acontecendo? Encontros com uma entidade semelhante ao Slenderman poderiam estar acontecendo há décadas? Será que existe algum 
fundo de verdade nas narrativas feitas pelas testemunhas? Haveria uma presença demoníaca tomando forma para assustar crianças e fazer adultos desaparecer para sempre?

O Slenderman é uma lenda recente, sabemos como e onde ela surgiu, mas será que ela deixou de ser uma lenda e se tornou algo mais? Talvez nunca saibamos ao certo... o mais provável é que nada disso seja verdade, mas como saber ao certo o que espreita na escuridão?


Abaixo, um média metragem de ficção brasileirossobre o Slender man:

Registros Secretos de Serra Madrugada [Projeto SLENDER]